terça-feira, 22 de março de 2011

História breve das outras fábricas de Fosfórico no Brasil

Cajati, Imbituba, Uberaba, Cubatão-Piaçaguera (Ultrafértil). Chegamos a ter cinco rodando ao mesmo tempo.
Só a de Imbituba-SC, a ICC, que foi estatal como Indústria Carboquímica Catarinense, teve vida "breve", que depois eu conto.
A Ultrafértil (parceria da Philips Petroleum com o grupo Ultra) partiu em 1970 um Complexo em Piaçaguera estilo estadounidense: H2SO4, H3PO4, Amônia, Uréia, Nítrico e Nitratos, TSP, MAP e DAP! Foi estatizada pela ditadura e privatizada pelo Collor, ou seja, processos nem sempre bem conduzidos!
Cajati foi construída em 70 e 71 e rodou em 72, acho. Preciso perguntar pro Saulo Meda! História viva, ele chegou lá em 74 ou 75, depois de fazer fenol por batch em São Caetano! Trabalhou em Santo André onde fez Sulfúrico em câmara de chumbo!! E tá ativo na Vale com mais de 70! Também volto ao assunto.
E a mineirada, Vale já no bolo, fez a mina de Tapira (Valep e Camig) e o Complexo de Uberaba (Valefértil), que depois entraram na Petrofértil, tendo partido em 1980!
E tudo vem rodando e dando lucro, alimentado esse povo, vivido.
E vem muito mais por aí!

A história da Copebrás

Pioneira em muitos aspectos, a Copanhia Petroquímica Brasileira foi fundada em 6 de maio de 1955, coma abertura da primeira fábrica de negro de fumo do Brasil, em Cubatão. O senhor Joseph Michaan, empresário novaiorquino se interessou pelo assunto e falou da idéia com alguns executivos seus amigos da Celanese. O Negro de Fumo rodou em 58, com capacidade de 5 mil toneladas por ano. Hoje produz (nas mãos da Columbian) quase 20 vezes mais!
Em 1966 começou a produzir Sulfúrico e SSP no mesmo site da Cônego Rangoni.
Em 1967 partiu a primeira fábrica de ácido fosfórico do Brasil. Com tecnologia israelense da IMI era o processo de ataque ao ácido clorídrico e extração da salmoura de CaCl2 por extração com isobutilálcool. O processo foi bastante melhorado, mas tinha sérias falhas para o tipo de rocha. E como as operaçãos com inflamáveis ainda eram muito rudimentares, ainda pegou fogo!
Depois de desistirem da tecnologia ao clorídrico, eles foram para um processo Nissan, que foi e continua sendo aperfeiçoado (por nomes que me vem à mente, entre outros: Michelangelo Falino, Guido Hirata, Roberto Matioli, Edson Guedes, José Luiz Marini, Delfim Neto, José Francisco, Ivair Almeida, Eliseu, Paulo de Tarso Florenzano; já vai para 35 anos de história viva! Quem será que vai comprá-la?).
Depois virou uma grande empresa sempre dentro e junto coma a Anglo American, braço industrial da família Openheimer (dos diamantes De Beer, dinastia judaica da Africa do Sul, pois os diamantes são para sempre"!). Tem a outra fábrica em Catalão. Mas isso já é assunto prá outro post.

Por que gostei do Fosfórico?

Quando com 26 fui para dentro de uma fábrica, de vez, trabalhar e "viver" lá dentro, do Complexo Minero-Químico da Serrana e da Quimbrasil, quando o Cimento de Cajati ainda era "nosso", dos Bunge y Born, os "vendilhões da Pátria" como diziam os peronistas de esquerda, os montoneros...eu nada sabia.
Não sabia que mais de vinte anos depois eu estaria comendo um pouco daquela pedra.
Como um sulfúrico ácido, eu ia digerindo aquela rocha.
Eu era o reator.
E aí veio vindo a Geologia, a Mineralogia, a Engenharia de Minas e a Metalurgia, veio vindo toda a Química e a Engenharia Química, os agitadores, as reações de superfície e as mais profundas, o nano e o macro, correias transportadoras, minerodutos, transportes pneumáticos, medidores de fluxo, eletromagnéticos, coriolis, mássicos, e gente.
Gente que mexe com tudo isso. Gente que fez, que faz e os que farão. Imagine que novas gerações virão que viverão como eu de fertilizantes e seus derivados, seus food grades da vida.
Química até o food grade: touquinha, jaleco branco, limpos, para meter a mão nas massas.
Valeu esperar por essa vaga na Vale!
Tudo deu e dará mais certo ainda.
O Brasil ainda vai ser auto suficiente!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Cubatão e o Ácido Fosfórico

Da Agricultura à Indústria

O PORTO E A AGRICULTURA

Embora a função portuária esteja na origem de Cubatão, a economia do então futuro município centrou-se por várias décadas na agricultura, seguindo-se duas importantes fases de industrialização, já no século XX.

Até a segunda metade do século XIX, a subsistência de Cubatão estava centrada na sua função portuária, sendo a ligação entre a Baixada e o Planalto Paulista.

Com a construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em 1867, a região entra em franco declínio, uma vez que a ferrovia passa a absorver grande parte do transporte de produtos.

A agricultura passou a ser a alternativa viável para a sobrevivência da região. No entanto, basicamente, o cultivo da banana, introduzido por Henrique Muniz de Gusmão Brunken, avô de Afonso Schmidt, foi o produto de grande expressão econômica, tornando-se monocultura básica para a cidade.

Segundo censo realizado em 1953, dos 15.400 habitantes do município, apenas 6.800 residiam na cidade, possuindo o município, ainda nessa época, 267 propriedades agrícolas. Preterida pela industrialização, a partir dos anos 1950, hoje é cultivada de forma inexpressiva.

Ao lado da atividade agrícola, a extração de areia e pedras compunha outra fonte de renda para a cidade.



A INDUSTRIALIZAÇÃO (1ª Fase)

O desenvolvimento industrial, verificado em Cubatão a partir dos anos 50, possui antecedentes. Os primitivos engenhos de açúcar, característicos da economia colonial, registram a primeira atividade industrial do município. Muito depois, os curtumes ganhariam importância, representando a fase primária da industrialização na região, utilizando o tanino, extraído das filhas dos mangues e, mesmo, vendendo a lenha.

Um curtume expressivo para a cidade foi a Cia. Curtidora Max, instalada em 1895 no bairro Olaria. Foi a primeira indústria a se instalar em Cubatão e uma das primeiras da Baixada Santista. Era o maior curtume do Brasil na época, preparando couros e peles para as mais diversas aplicações. Por ter dirigentes alemães, sofreu com a Primeira Guerra Mundial - embora estivesse bem distante do cenário da conflagração de 1914/18 -, tendo paralisadas as suas atividades.

Em 1918, foi adquirida pela Costa Moniz Indústria e Comércio S/A, que abandonou, posteriormente, sua característica de curtume de peles, variando (a partir de 1929) seu ramo de produção para a confecção de cintos de couro, fiação e tecelagem de correias de lona e borracharia, fios para tecido, correias e corda de couro curtido para exportação.

Em 1942, a maquinaria foi modificada e modernizada, nascendo daí a produção de mangueiras de combate ao fogo, que se tornaram o principal produto da empresa, junto com as correias transportadoras, cordas de algodão e mangotes de borracha para sucção (que tinham como maiores compradores a Marinha do Brasil e a armadora Lloyd Brasileiro). O algodão e o rami (fibra inicialmente importada do Japão, depois procedente de Iraí, no estado do Paraná) eram então algumas das principais matérias-primas usadas por essa indústria. A pequena produção de peles e pelúcias, usadas como forros de calçados, usava peles de origem caprina procedentes do Norte do Brasil e peles e carneiro compradas no Rio Grande do Sul, que sofriam um tratamento químico de preparação, sendo depois esmaltadas e - por meio de prensagem a vapor - polidas.

Do mesmo porte, em 1916, instalou-se a Cia. Anilinas de Productos Chímicos do Brasil, localizada no centro da cidade (no depois denominado Parque Anilinas e mais recentemente Cidade da Criança). Essa companhia produziu, por quase 50 anos, tintas e vernizes, entre outros produtos químicos, até a falência em 1964.

Dessa primeira fase industrial, a de maior expressão econômica foi a Cia. Santista de Papel S.A., construída ao pé da Serra, em 1918 (mas só começou a funcionar em 1932, produzindo papéis para impressão, embalagem e cartões). Sua localização (no atual bairro Água Fria) foi devida à proximidade com o porto de onde receberia matéria-prima e aproveitamento das cachoeiras para obtenção de energia. Essa companhia trouxe certo dinamismo para a região devido à atração de forasteiros, o que resultou no incremento comercial e, durante 30 anos, foi a grande fábrica de Cubatão, sendo conhecida como Companhia Fabril de Cubatão.

A denominação "Fabril" passou a ser atribuída devido a ser o único bairro onde existia fábrica, e permaneceu até os dias atuais. Foi cognominada "Santista" porque em 1932 Cubatão era um pequeno distrito do Município de Santos. Possuía uma usina hidrelétrica própria que fornecia 40% da energia necessária à sua operação (complementada por energia da Light). Tendo como matéria-prima básica a celulose - que exige elevada quantidade de água na manipulação), a indústria contava com fontes de captação e tratamento próprio no Rio Cubatão. Em iniciativa arrojada para a época, a indústria construiu em terreno próprio uma vila operária com mais de uma centena de casas.

O papel produzido em Cubatão era composto predominantemente de fibras de origem vegetal. Para sua fabricação, a madeira tinha de ser desfibrada, usando-se vários processos, dos quais o mais simples era o preparo da pasta mecânica, no qual a madeira era triturada e moída, e em seguida misturada com celulose através de processos químicos. Além da pasta mecânica, o papel podia ser fabricado também com celulose não branqueada e celulose branqueada, processos esses utilizados conforme a finalidade do papel, que era entregue em folhas ou em bobinas aos consumidores.

Um marco significativo para o município foi a construção da Usina Henry Borden pela São Paulo Light S.A. Serviços de Eletricidade, hoje Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae). Longe de ser ocasional, a instalação da usina foi ditada por fatores físicos para aproveitamento das escarpas da serra na produção de energia para o planalto paulista, em franco desenvolvimento.



A INDUSTRIALIZAÇÃO (2ª Fase)

A segunda fase começou após a Grande Depressão Econômica Mundial de 1929, quando o governo federal passou a concentrar esforços na industrialização do País.

A partir da década de 1930, o então presidente Getúlio Vargas concentrou esforços para a instalação de indústrias de base no País. Continuando a idéia desenvolvimentista de Vargas, Juscelino Kubitschek cria o Plano de Metas, com a atração de investimentos estrangeiros no setor industrial e, a partir daí, ocorre o surto industrial centrado, basicamente, no Estado de Sâo Paulo. Nesse contexto, a partir de 1955, acontecerá o estabelecimento sistemático de indústrias de porte no município de Cubatão.

A escolha dessa região se deu exclusivamente pela sua posição geográfica privilegiada: proximidade com o porto de Santos e a capital, obtenção de energia abundante e barata, além das condições favoráveis do sistema viário e ferroviário.

Em 1953, instituiu-se o monopólio do petróleo no Brasil, e conseqüente criação da Petrobrás. Com o início de suas operações em 1955, a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) representou um impacto grande, desencadeando o processo industrial na cidade, por atrair as indústrias de derivados de petróleo, as petroquímicas. Ocupando área de 6.634.114,21 m² (dos quais 82.255,7 m² construídos até 1973), a refinaria está ligada ao Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião/SP, por um oleoduto de 24 polegadas e 120 km de extensão. Outro oleoduto, nas encostas da Serra do Mar, permite bombear produtos destinados à Grande São Paulo ou para instalações no porto de Santos.

A consolidação do processo industrial ficará evidente em 1963, com o início das operações da Cia. Siderúrgica Paulista [COSIPA], e em fins dos anos 70, Cubatão havia se firmado como o maior pólo industrial da América Latina, possuindo como elementos básicos da produção o trinômio energia-aço-petróleo.

Com o desenvolvimento deste trinômio, outros empreendimentos vieram a Cubatão, para usarem os insumos assim produzidos:

Em 1957, às margens do Rio Cubatão, entrou em funcionamento a Companhia Brasileira de Estireno, primeira fábrica de estireno do Hemisfério Sul, e que usa matéria-prima da Refinaria. Produz monômero de estireno e tolueno.

O processo de fabricação é dividido em duas operações principais: a produção de etilbenzeno e sua transformação em estireno, de onde provêm:

1) borracha sintética (uso em pneumáticos, mangueiras, esteiras transportadoras, gachetas e arruelas, revestimento para fios, ladrilhos, soldas e saltos);

2) poliestireno (usado em caixas de rádio e televisão, peças para geladeiras, isolamento térmico, placas e filmes para usos diversos, brinquedos, produtos para uso doméstico, painéis de iluminação);

3) emulsões de estireno (usadas em tintas à base de água, vernizes, colas e ceras);

4) poliéster (para carrocerias, cascos de barcos, reservatórios, peças de aviões e painéis para construção);

5) óleos estirenizados (usados em óleos secativos, vernizes e esmaltes);

6) resinas sulfonadas (para tratamento de água, refinação de açúcar, clarificação de sucos de frutas);

7) copolímero de estireno e acrilonítrila (usados como pó para moldagem e em artigos plásticos diversos);

8) resinas estirênico-maleicas (para lacas e vernizes, impermeabilizantes, adesivos, revestimento de fios elétricos); e

9) derivados químicos (usados em corantes, cosméticos, dissolventes e plastificantes).

Instalada em 1958, a Alba S/A Indústrias Químicas procurou, até o seu fechamento, acompanhar as necessidades do mercado brasileiro, com a produção de uma vasta linha de produtos químicos para os demais campos da indústria brasileira, como metanol, formol e resinas sintéticas. A empresa era parte do Grupo Borden, dos Estados Unidos (que também possuía fábricas na Inglaterra, Austrália, Canadá, Filipinas, México, Colômbia, Argentina e EUA) e em 1973 ocupava uma área construída de 7.161 m², em terreto de 180,9 mil m².

O metanol é aplicado nos anticongelantes, nos aditivos para gasolina de aviação, na indústria farmacêutica e como matéria-prima para a fabricação do formol (que consiste na oxidação de desidrogenação catalíica do metanol através da baixa pressão).

O formol entra como matéria-prima na fabricação de resinas sintéticas, couros, explosivos, papel, borrachas e tintas. Da mistura do metanol e do formol, a fábrica podia produzir dezenas de resinas plásticas para diversos usos e aplicações, tendo quatro variedades distintas: uréicas, fenólicas, poliéster e dextrinas. O Cascolac, conhecido produto para tratamento de pisos de madeira, é uma dessas resinas.

A Alba utilizava uréia, anidrido ftálico, anidrido maleico e propilenóglico importados via porto de Santos, além de fenol produzido no Brasil, mais estireno e soda cáustica produzidos em Cubatão. O óleo combustível usado no processo industrial era adquirido diretamente da Refinaria Presidente Bernardes.

Das resinas uréicas produzidas pela Alba eram extraídos adesivos para madeira compensada, revestimentos para pisos, indústiras de papel etc. As usinas fenólicas serviam para adesivos à prova de água, baquelite, fundição, pós-moldagem, tintas e lonas para freios usadas na indústria automobilística. O poliéster, usado na manifatura de laminados, botões, adornos, material escolar e vestuário, tinha sua maior aplicação na indústria de adesivos de dextrinas e adesivos especiais.

Também em 1958 a Companhia Petroquímica Brasileira S.A. (Copebrás) começa a funcionar, em terreno de 16.850.635 m², com 25.185 m² de área construída (dados de 1973). É a pioneira, no Brasil, na produção de "negro de fumo" (também chamado de pó de asfalto e fabricado a partir de um óleo residual da refinação de petróleo), permitindo transformar o País de importador em exportador daquele produto, usado na confecção de pneus, artefatos de borracha e tintas. Produz também superfosfato, ácido sulfúrico, ácido fosfórico e tripolifosfato de sódio. A maior parte de seu equipamento foi importada dos EUA.

O complexo de fertilizantes da Copebrás começou composto por três unidades:

1) a de ácido sulfúrico, tendo como matéria-prima o enxofre estadunidense. Cerca de metade dessa produção é transformada depois em fertilizantes e o restante vendido no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro;

2) a unidade produtora de superfosfatos, entre os quais o tipo conhecido como P2-05 usa como matéria-prima o fosfato;

3) a de ácido fosfórico, empregado na alimentação (fabrico de refrigerantes e gelatinas etc.).

Depois das obras de expansão por que passou em 1975/76, inaugurou no seu complexo de fertilizantes outra unidade de ácido sulfúrico, aumentando assim sua capacidade produtora, além de uma unidade de ácido fosfórico e uma de triplifosfato de sódio, pioneira no Hemisfério Sul.

A Fibrastec Comércio, Indústria e Importação Ltda., complementando as necessidades industriais de Cubatão, assim como as anteriores, iniciou suas atividades em 7 de agosto 1958, produzindo mantas de sisal para estofamento em geral, numa área de 3 mil m² (2.376 m² construídos, conforme dados de 1973).

A Union Carbide do Brasil S/A Indústria e Comércio, recentemente adquirida pela Dow Química, entrou em funcionamento, também em 1958, para ser a primeira unidade a produzir polietileno no Brasil e na América Latina, utilizando como matéria-prima o etileno da Petrobrás. Num terreno de 2.477.110,6 m² (dados de 1973), também instalou unidades de desidratação do álcool etílico, que asseguraram seu suprimento. Em 1969, o consumo do álcool de cana atingiu 6 milhões de litros por mês. No mesmo ano, iniciou a operação do terminal de produtos químicos, permitindo sua importação a ganel e posterior distribuição interna. Associou-se à Eletro-Manganês S.A. (Emsa) com a finalidade de minerar e refinar o manganês para bateria eletrolítica.

Junto à fábrica de polietileno existente em Cubatão, ergue-se o complexo petroquímico da empresa, quase totalmente automatizado, desde a sucção da matéria-prima, nafta de petróleo, até o ensaque de polietileno e armazenagem do monômero de cloreto de vinila e benzeno.

O departamento de olefinas, que contém as 12 fornalhas de pirólise "Wulff" e área de purificação, sendo pioneiro no Brasil na operação computadorizada do processo petroquímico. Todos os departamentos, inclusive esse, possuem grandes salas de controle, verdadeiros centros nervosos da fábrica, que comanda à distância todos os fluxos gasosos e líquidos, de forma automática ou semiautomática.

A empresa coloca no mercado interno produtos petroquímicos manipulados por diversas indústrias, participando com insumos em todas as indústrias de plásticos (brinquedos, artigos domésticos, embalagens, peças de todo tipo de maquinaria, do liqüidificador ao avião). Seus produtos entram na composição de fertilizantes e inseticidas; tintas, solventes e plastificantes; aspirina, antibióticos e vitaminas; cosméticos; metais e louças refratárias; tecidos e aerosóis etc.

Ainda em 1958, começou a operar a Petrobrás Química S.A. (Petroquisa), em área de 240.985,76 m² (dos quais 27.500 m² construídos até 1975), para produzir amônia anidra, ácido nítrico a 54%, a 63% e a 98%, nitrato de amônia, enxofre escamado e nitrocálcio concentrado.

Em janeiro de 1960, a Fábrica de Fertilizantes (Fafer) deixou de ser unidade autônoma da Petrobrás, sendo incorporada à Refinaria e vindo a constituir sua divisão petroquímica, com produção de matéria-prima para as várias indústrias de Cubatão. Produz amônia anidra, ácido nítrico, enxofre escamado, nitrocálcio concentrado, nitrato de amônia.

São estes os principais usos de sua produção:

1) A amônia anidra é aplicada na indústria química, no preparo de fertilizantes; na siderurgia, para produção de nitrogênio e hidrogênio, para nitração de ligas de aço e tratamento de aço, refrigeração industrial; na refinação de petróleo como agente anticorrosivo; na indústria têxtil, aminas orgânicas; na borracha sintética, junto com aminas, é usada como agente estabilizador e acelerador de tempo de vulcanização, preservação de latex natural, plásticos;, extrusão de cobre, níquel e molibdênio, sendo usada junto com cloro na purificação da água.

2) A água-amônia é aplicada em indústrias químicas e cópias heliográficas.

3) O enxofre escamado não refinado é aplicado na fabricação de ácido sulfúrico, dissulfeto de carbono, pentassulfeto de fósforo e para produção de vários tipos de enxofre moído ou refinado, os quais encontram aplicação na vulcanização de borrachas, fumigação ou suspensão, como inseticida e fungicida, alimentação de gado, cobertura de grânulos de fertilizantes para liberação prolongada, óleo de corte, alvejante de celulose, linho, sedas e em usos medicinais.

4) O ácido nítrico a 54% é aplicado na preparação de fertilizantes, nitrato de amônio, sódio, potássio, esteres orgânicos (nitrato de estila, de isopropila, nitriglicerina, nitrocelulose), anilinas, explosivos e fibras sintéticas etc.; na nitrificação de compostos alifáticos e aromáticos (trinitro-resorcinol); como agente oxidante e em galvanoplastia.

5) O ácido nítrico a 63% é aplicado na preparação de fertilizantes, nitrato de amônio, sódio, potássio, óxidos metálicos, explosivos, corantes, seda artificial, fibras sintéticas etc.

6) Já o ácido nítrico concentrado a 98% tem aplicação em mistura com ácido sulfúrico na produção de nitroglicerinas, nitrocelulose, ácido pícrico (trinitrofenol), "Tetril", Cyclomite ou RDX (explosivos), ácido bensóico, adipico, tereftálico, "Nylon" e "Terylene".

7) O licor de nitrato de amônio é aplicado na obtenção de nitrato de amônio sólido perolado ou cristalizado para uso em misturas explosivas, junto com água e amônia e outros componentes nitrogenados simples, na preparação de soluções "N" usadas como fertilizantes ou na amonização de superfosfatos.

8) O nitrocálcio concentrado é um fertilizante fisiologicamente neutro, sem efeitos prejudiciais sobre a reação do solo, e de alta concentração do elemento nutriente.

9) O nitrato de amônio especial é aplicado na indústria farmacêutica, na produção de óxido nitroso para anestésico, aerosóis, como reagente analítico e em fermentações.

10) O nitrato de amônio técnico, com antiaglomerante, é aplicado na preparação de explosivos, denominados geralmente de ANFO, que consistem na mistura do produto com óleos combustíveis leves. Na agricultura, com fertilizante nitrogenado simples ou complexo NPK. Sem antiaglomerante, é aplicado na preparação de dinamite e explosivos (ANFO), em mistura com óleos combustíveis leves.

A Carbocloro Oxipar Indústria Química S/A iniciou suas atividades em 1964, para atender a demanda do mercado interno, poupando assim divisas para o País. Seus produtos, além de exportáveis, servem de matéria-prima básica para importantes indústrias do País. Ocupando área de 671.075 m² (2.100 m² construídos, conforme dados de 1973), produz soda cáustica líquida, em escamas e fundida, ácido clorídrico líquido e gasoso, cloreto de alumínio, cloro líquido e gasoso e hidrogênio. Seus produtos servem de matérias-primas básicas para outras importantes indústrias:

1) soda cáustica - empregada na fabricação de alumínio, papel, celulose, sabões, fibras de rayon etc.

2) cloro - usado nas indústrias de plásticos, solventes, branqueamento de papel, celulose e têxteis e tratamento de água.

3) ácido clorídrico - empregado na indústria de bebidas, alimentos, mineração, metalúrgicas, decapagem etc.

4) hidrogênio - usado na fabricação de metanol, ácido clorídrico, em indústrias de margarinas, aços rápidos, água oxigenada etc.

5) cloreto de alumínio - utilizado na fabricação de estireno e dodecil-benzeno.

O sal usado na Carbocloro provém das salinas localizadas no Rio Grande do Norte, sendo embarcado em navio até o porto de Santos, de onde segue por caminhão até a fábrica. A empresa usa também células de mercúrio desenvolvidas pela firma Oronzio de Nora, de Milão (Itália). Já em 1976 possuia 56 células instaladas tipo 14H3MR, cada uma ocupando 11,5 m², trabalhando a uma carga de 155 mil ampères e permitindo produção total de 108 mil toneladas/ano de soda cáustica a 100%.

A Clorogil S/A iniciou suas atividades no município em 1966, e em 1976 foi incorporada à Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis S/A., também instalada em 1976. Produzia solventes, clorados e pentaclorofenato, numa área de 71.464,22 m², dos quais apenas 591 m² construídos.

A antiga fábrica de Cimento Santa Rita, hoje pertencente às Indústrias Votorantim S/A, começou sua produção em 1968. Produz cimento de alto forno tipo 320, que pode ser usado em obras especiais como as marítimas, barragens e obras subterrâneas. Usa como matéria-prima o clinquer portland produzido em sua fábrica de Itapevi (SP), escória granulada de alto forno produzida pela Cosipa e gesso procedente de jazidas do Nordeste Brasileiro. Em terreno de 103.788 m², com 3.989 m² construídos, a indústria inclui quatro seções: secador de escória, moagem de cimento, ensacagem e laboratório.

Fundada em 1968 e inaugurada em 1º de junho de 1970, a Ultrafértil S/A Indústria e Comércio de Fertilizantes é considerada como uma das maiores indústrias de fertilizantes da América Latina, hoje pertencente ao grupo Fosfértil. Produz fosfato de diamônio, nitrado de amônio, nitrocálcio, amônia, ácido sulfúrico, fosfato de monoamônio e fórmulas NPK. Seu complexo industrial (2.391.700 m², dos quais 25.248 m² construídos até 1973) é composto por seis fábricas integradas e um terminal marítimo próprio, apoiado por uma unidade de serviço onde é gerado o vapor e tratada a água (distribuída por tubulações especiais a todas as fábricas dessa indústria).

A empresa dispõe de terminal marítimo próprio, que opera desde julho de 1969, então com 160 metros lineares de cais e capacidade de descarga para 600 t/hora de granéis sólidos e 400 t/hora de granéis líquidos, permitindo o acostamento de navios de até 23 mil toneladas. O terminal está situado na Ilha do Cardoso, em Piaçaguera, distante 7 km de sua fábrica, em 1,5 milhão de m². No dia 17 de junho de 1975, descarregou 11.354 toneladas de rocha fosfática em 24 horas de operação, estabelecendo então o recorde portuário brasileiro de tonelagem descarregada por meios convencionais. Na época, já estva projetada a construção, no próprio terminal, de novo tanque com capacidade para 20 mil toneladas de amônia.

Em 1970, a empresa Liquid Carbonic Indústrias S/A se instalou na cidade para produzir gás carbônico e gelo seco, ocupando 33.473 m², dos quais 579 m² construídos até 1973.

Já a Oxiteno S/A Indústria e Comércio produz, desde 1971, cloreto de amônia.

Tendo chegado a Cubatão em 1971, a I.A.P. S/A Indústria Agro-Pecuária produz fertilizantes químicos para a lavoura (compostos NPK - nitrogênio, potássio e fósforo -, superfosfatos simples e triplo, sulfato de amônia). Hoje pertence ao Grupo Bunge de Fertilizantes.

Implantada em 9 de outubro de 1945, com o nome de Importadora Agro-Pecuária Ltda., para produzir fertilizantes químicos para a lavoura, transformou-se em 26 de janeiro de 1962 em sociedade anônima com o nome de I.A.P., e em 1971 foi autorizada a operar como sociedade de capital aberto, com a implantação de filiais e subsidiárias (surgindo assim as filiais de Cambé, Porto Alegre e Cubatão, para trabalhar junto à matriz de Santo André, no fornecimento de fertilizante granulado para todo o Brasil).

Adquiriu um terreno de 446.235 m² com acesso ao Terminal Graneleiro de Conceiçãozinha (Guarujá), onde instalou uma unidade de formulação de fertilizantes químicos granulados, pelo sistema granulador com prato e tambor rotativo. Esse sistema (como também o processo alemão Eirich usado na fábrica de Santo André) permite concentrar os chamados macro-nutrientes (nitrogênio, fosfato, potássio, enxofre e magnésio), importantes para a boa produtividade das culturas. Além disso, a I.A.P. introduziu em seuu fertilizante os micro-elementos que otimizam o crescimento da plantação.

A Liquid Química S/A se instalou em Cubatão, no ano de 1972, para produzir ácido benzóico e ácido benzóico farmacêutico.

Nascida da decisão da Petrobrás (anunciada em 1970) de produzir coque verde, a Petrocoque S/A foi constituída em 28 de fevereiro de 1972 para transformar este coque em coque de petróleo calcinado, para comercialização nos mercados nacional e externo. Primeira usina do gênero construída no Hemisfério Sul, localiza-se numa área de 40 mil m² junto à Usina de Coqueamento da RPBC. Sua construção começou em fins de 1973 e a operação experimental foi iniciada já em março de 1975, passando em agosto daquele ano às operações normais em escala industrial, com a produção anual de 130 mil toneladas de coque calcinado.

O coque de petróleo é um produto obtido pela coqueificação de resíduos de destilação do petróleo e, tal como é produzido nas refinarias, é denominado "coque verde", podendo ser usado como combustível ou como redutor em processos metalúrgicos e industriais. Seu maior uso, porém, é na indústria de eletrodos para os vários processos eletrotérmicos e eletrometalúrgicos, principalmente na de alumínio e do aço.

A Engeclor Indústria Química S.A., uma das subsidiárias da Cobrapar (holding do grupo Ultra, que atua no setor químico), foi instalada em 1971 numa área de 8 mil m², cinco quilômetros distante da Cosipa, para produzir cloreto de amônio (um sal branco cristalino de alta pureza e estabilidade, contendo 99,96% de NH4CL). Ele é produzido a partir de matérias-primas de alta pureza, amônia anidra gasosa e cloreto de hidrogênio gasoso, através do processo de síntese direta em unidade especialmente projetada para isso.

O cloreto de amônio é um importante produto químico, usado na fabricação de pilhas secas, como agente em banhos de estanhagem e como componentes de fluxos de solda e galvanização. É também usado em curtumes, na preparação de conservas e alimentos enlatados, no fabrico de gelo (produz gelo transparente e pouco quebradiço), como produto inibidor de combustão, como agente de limpeza alcalino (produz amônia anidra), no tratamento e purificaçao de água (forma cloramina) e como matéria-prima no fabrico de vários produtos químicos.

A Engebasa Mecânica Engenharia da Baixada Santista Ltda. foi instalada em 1973 para atuar no ramo de caldeiraria industrial sob encomendas, mas iniciou as atividades apenas dois anos depois. Projeta, fabrica, executa a manutenção e a montagem das peças de caldeiraria em geral, trabalhos em aço carbono ou inox, tubulações soldadas, estruturas, tanques de armazenagem, silos industriais etc. Executa ainda serviços especializados de solda.

Incorporada pela Cargill, a Solorrico S/A Indústria e Comércio teve suas atividades iniciadas em 1972, para a produção de fertilizantes (superfosfatos, granulados e mistura). Foi também encarregada da distribuição dos produtos da Fertilizantes União S/A, que montou em Cubatão uma unidade de granulação de formulações NPK (podendo usar como matérias-primas nitrato e sulfato de amônio, uréia, amônia, superfosfato simples ou triplo, cloreto e sulfato de potássio, ácidos sulfúrico e fosfórico), unidades de mistura e ensaque, depósitos para estocagem de sólidos, tanques para estocagem de líquidos (ácido sulfúrico e fosfórico e amônia), entre outras instalações.

Para produzir hipoclorito de sódio e cloro gás, instalou-se em 1974 a Hidromar Produtos Químicos Ltda.

Em 1975, a Manah S/A Indústria e Comércio começou a produzir fertilizantes, superfosfatos e compostos NPK, em área de 330.030,94 m², tendo sido recentemente incorporada também à Bunge.

Em 1976, a Gespa Gesso Paulista Ltda. veio para produzir gesso retardante e gesso fertilizante.

Tendo fechadas suas portas, a antiga Indústria Luchsinger Madorin S/A - Adubos Trevo foi incorporada, em 1997, à Indústrias de Fertilizantes de Cubatão (IFC). Produz fertilizantes: granulação e mistura seca.

Em Cubatão, no ano de 1989, passou a ser produzido oxigênio, nitrogênio e argônio pela AGA S/A.

Recentemente, formou-se, em Cubatão, um conglomerado industrial que, através da instalação de empresas ao redor da Cosipa, usa o aço produzido por ela.

Hoje existem em Cubatão cerca de 23 indústrias, ainda fazendo dele um dos maiores pólos industriais da América Latina. E no comércio e serviços, existem todas as atividades que são inerentes à sobrevivência humana e ao processo sociabilizatório.



Fonte: BORGES, W.R.;BRAGA JR., J.C.; TORRES, F.R.. "O que você precisa saber sobre Cubatão". Cubatão: Design & Print (com apoio do Arquivo Histórico Municipal de Cubatão), 2002.